Narni e suas crônicas

No dia 23 de Abril é feriado nacional na Itália dia: Liberazione Itália ( Libertação da Itália), não sabia onde ir novamente e depois de uma pesquisa rápida no google decidi ir a Narni na região da Umbria, precisava comprar alguma coisa com Tartuffo e nesta região é mais fácil de encontrar, não conhecia sua história li coisas rápidas sobre ela, e horários de trens, peguei minha mochila  e lá estava eu novamente na Estação Termini .

Bilhetes comprados, ajustei meu relógio biológico para não dormir no trem , mas pouca coisa adiantou dormi do mesmo jeito acordei uns 10 minutos antes de chegar na estação.No site tem o itinerário que não falha,e como não havia muita infomação na altura do vagão do qual eu estava, tive certeza que estava descendo no lugar certo.Um casal que sentava junto comigo também visitaria Narni.Chegando lá um silêncio, as únicas pessoas  eram nós os 5 passageiros do trem, e um jornaleiro,sem placas informações fomos até ele se informar como chegar no centro histórico,ele nos disse para comprar o bilhete do ônibus que em meia hora teria um,compramos fomos ao ponto olhamos os horários e para dia festivo, não teria nenhum nessa meia hora e talvez , uma hora depois,confusos fomos falar com o jornaleiro que já havia fechado as portas da banca e ido embora, lembra que em Lecce eu comprei  bilhete e não teria ônibus para Gallipoli? Então, olha eu levando prejuízo outra vez!

E do nada aparece uma senhora nos dizendo que pode ser que teria o ônibus, sentou-se ao nosso lado, perguntei a ele se era longe para ir caminhando e ela disse que sim,muito longe.Mas o muito longe dos italianos para mim era perto.Decidi aguardar mais um pouco e o ônibus apareceu, subimos os 5, e a Senhora não,simplesmente desapareceu!

Enquanto nos dirigíamos para Narni-Centro Histórico, fui observando a paisagem, realmente é muito longe para ir caminhando, ainda bem que dessa vez eu escutei a italiana !

No meio da mata um "castelo", típico de contos da infância, eu estava vendo tudo ao vivo.

Ao chegar na praça central de Narni,um ar medieval me tomou conta,bandeiras da época, construções típicas,pouca pessoas na rua, mas nos bares estavam cheios.

Ao entrar na cidade,em meio a grande paredes das construções das casas e da igreja , viajei a era medieval, algumas pessoas estavam vestidas a caráter,muito legal! Andando mais um pouco a banda começava a se preparar, algumas pessoas aguardavam algo ansiosas, perguntei ao guarda onde eu poderia encontrar o ponto de informações turísticas,o mesmo me informou o local e me convidou então para o desfile em comemoração a " Liberazione Itália", que aconteceria dentro de uma hora,agrdeci o convite e disse que assistiria!

Entrei em uma sala ao lado do ponto de informações, que estava fechado, e um moça me atendeu, falava enrolado, não entendia muito bem, pedi um mapa e informação para me localizar onde eu estava.A moça era engraçada, atenciosa,me puxou e me levou para fora para explicar qual era as ruas que deveria ir para conhecer os pontos turísticos, comecei a rir, e conforme ela ia explicando eu fui entrando no mundo de fantasias dos filmes Crônicas de Nárnia, a mulher parecia aqueles personagens meio ratos, meio humanos, tinha a impressão que crescia pelos enormes nos nariz e orelhas, suas unhas eram grandes, não entendia quase nada do que me dizia, e no meio da praça,eu a escutava , mas a mulher não queria largar o mapa e eu dizia que entendia tudo que me explicava , foi engraçado!

Acho que naquele dia minha imaginação estava muito criativa!

Em seguida fui caminhando , conhecendo Narni, logo encontrei uma igreja entrei nela, foi estranho a cidade como já disse é medieval e entrar em uma igreja neste estilo , foi diferente pra mim.Não sei se foi pelo fato de viver assistindo filmes de época e por estar em uma cidade da época é que me sentia assim impressionada , encantada ou minha imaginação estava fluindo neste dia.

Cheguei na entrada de Narni Soterranea, agendei minha visita, e fui admirar o penhasco, e bem de longe o castelo que avistei no caminho, um panorama muito bonito da natureza local.

Nessa já havia me esquecido do desfile,fui para a minha visita a Narni Soterranea,foi o casal do trem e mais uma senhora e seu neto.Já nas apresentações do local a guia nos pergunta como chegamos até Narni, o que nos levava até ela, era uma maneira de nos interagir com a cidade do mesmo modo que os primeiro habitantes haviam feito.Narni foi fundada pela curiosidade, acredito que a mesma que me fez chegar até lá,pois ir nas  cidades que visitei foram todas por curiosidades.A cidade é menor que a de soterranea de Orvieto,mas tem uma capela no seu interior,uma sala de visitas onde podemos ouvir a história da cosntrução do Aqueduto,uma sala de tortura e uma cela de prisioneiros,na sala de tortura ainda encontramos os aparelhos utilizados na época, é horrorizante saber que muitos sofreram ali.Entramos na cela,as paredes todas desenhadas, símbolos decifráveis e outros não tão bem decifráveis, de um prisioneiro inocente preso por muito tempo alí, ele era conhecedor de muitos segredos,por isso apresentava perigo para a sociedade da época, os historiadores ainda tem dúvidas sobre muitas coisas, que estão guardadas pelas chaves do tempo, e pelas chaves do Vaticano, lembram do castelo que avistei no caminho?Era um local para religiosos e tinha um brasileiro muito influente alí, na cela não podemos tocar nas paredes,existe uma cerca de proteção , cinco pesos de ferro pesados unidos por cordas,durante as explicações da guia estávamos bem ao centro da cela longe da cerca.Eu viajava a dentro da explicação,pensei será mesmo que o prisioneiro conseguiu descrever tudo o que sentia e os segredos na parede?Será que ele foi realmente culpado por alguma coisa,para acabar o resto de sua vida alí?Eu sabia que a cama não era original(a guia já havia dito) pensei será que essa cama segue realmente o que era antes? Quando DE REPENTE, o peso de ferro se mexe,balançando de um lado a outro no chão, a guia pediu para tomarmos cuidado, todos nós não havíamos esbarrados em nada, estávamos bem distante da cerca, ela me olhou espantada, e ao mesmo tempo eu havia sentido um arrepio na espinha e um esbarrão na minha mochila,é claro que o espírito dele ainda permanecia alí.Eu senti, mas não consegui entender o que ele nos queria dizer,foi mais uma sensação misteriosa que senti e terras italianas, tão forte quanto eu havia sentido na Capela Sistina.

Este misticismo do lugar,fantasias e mistério me intrigam, saímos da cela mas com a sensação de não entender tudo o que ela nos dizia.

Continuando a visita, já em outra parte, antes de finalizar a Senhora interrompeu a guia, elogiando-a pela maneira como ela deu as explicações e com o carinho que contava a história da sua cidade e que isso era difícil para a geração de hoje, pois estamos perdidos,iguais aos italianos que vão embora de seu país e nunca mais retornam porque querem vida boa, e que muitos no tempo dela fizeram isso ,velha cri cri.Não me contive incorporei a Mariangela respondona,e comecei a falar que nem todos os jovens de hoje são assim e muito menos os jovens de antigamente, meu avô só não retornou a Itália,porque as condições eram mais difíceis,transporte dinheiro e tals,os de hoje muitos retornam, mas o que ficam não estão em busca de vida boa e sim conhecimento ou buscam algum conhecimento.A guia assim como muitos piedadenses, mostrou sua paixão pela sua cidade, mas também nos mostrou a realidade, ela se interessou pelo fato de dar uma resposta de encontro a velha que não gostou nada de mim, pensa que eu ligo? Perguntou de onde eu era e tals, contei que estava a passeio por 3 meses, mas tinha ido ajudar uma amiga, e teria que voltar para o Brasil na segunda feira seguinte, estava feliz por conhecer a Itália, viver ela por este período, por estar alí , por voltar para casa, mas ao mesmo tempo estava triste porque queria ficar mais tempo e não podia, ela pediu para que eu escrevesse sobre minha visão de Narni,mas acho que só terminando meu blog escreverei para ela.Depois deste papo,ela finalizou a visita nos despedimos do grupo,peguei os contatos do lugar e comprei um video documentário para assistir em casa,quem quiser ver é só me falar só empresto se formos assistir juntos, é em italiano aí tenho que ir explicando quase tudo para vocês.

Após este período embaixo da terra com muitas histórias,voltei ao ar livre e concluir meu passeio e comprar algo que tenha Tartuffo,caminhando em uma das vielas, ouço o barulho de ferraduras nas pedras, um senhor passeava com seu cavalo.A cidade é pequena já tinha visto quase tudo que podia, fui almoçar pizza, entrei nas mercearias , encontrei uns molhos e óleos de tartuffo, comprei sem saber que era gostoso, também comprei Tartuffo em conserva,linguiça de javali , e salame tipo norcia.Não tinha salame de javali,eu queria comprar para trazer para meus pais.Cuidado não podemos trazer essas coisas a fiscalização aqui no Brasil pega para eles.Produtos com carne de Javali na Itália é permitido pois lá tem bastante.

Feito minha visita e minhas compras fui ver os horários de ônibus, tinha um ás 14 horas e outro ás 18:30 horas , e horários de trem para Roma ás 17:50 horas e 19:30 horas, preferi descer no ônibus das 14 horas e aguardar 3 horas na estação enquanto era dia , do que ficar sozinha lá até a noite.

Na estação,a máquina de bilhetes era muito antiga, difícil até de entender, comprei o bilhete e fiquei por ali um bom tempo, havia algumas pessoas que logo embarcaram e fiquei sozinha por lá.Tédio e medo,estava arriscando muito ficar ali de bobeira, comecei a caminhar em volta da estação , as árvores eram como as do filme pareciam que iriam se mexer e conversar comigo, Narni Amélia, a cidade das Crônicas de Narnia e Mariangela.

Aí apareceu um moço italiano, perguntou se o trem para Perúgia já havia passado, informei que não,mas que ele poderia ver no monitor os horários, ele na enquanto eu falava,me interrompeu e me disse, você é brasileira se percebe quando fala,todos os brasileiros falam assim. Tipo nós temos um modo particular de falar o idioma muito fácil de  detectar.Concordei, ele me perguntou se estava indo a Perúgia também, disse que não eu iria a Roma,ele riu bastante e me disse buona fortuna, por esperar muito tempo alí.Nossos trens teriam 40 minutos de diferença,e ficamos ali aguardando.Quase dormindo,ouvia buzinas,era o trem de carga avisando que passaria por ali.Mas não sabia que viria tão veloz e pesado,quando passava pela estação tremia tudo,um barulho que dava medo de ficar ali, passado o trem, voltou a paz no lugar...que foi quebrada pelo áudio da Trenitália informando que o trem para Perúgia sofreria um atraso de meia hora, olhei para o moço e ri bastante dele, igual ele fez comigo e disse:fico feliz por me fazer companhia até o meu trem chegar, ele me olhou torto pra mim, não gostando de ver eu rir dele,não fiquei nem um pouco preocupada ri mais ainda.Ele não tinha senso de humor quando a piada era ele.hahaha

E finalmente o trem de Perúgia chega o moço vai embora,achei que ficaria na estação sozinha,mas não começou a chegar pessoas cada uma de uma nacionalidade diferente,e algumas pessoas da própria região.Ficamos por ali e meu trem finalmente havia chegado, embarquei , sentei em junto a uma senhora e um moço de olhos azuis, só os olhos eram bonitos, mas tudo bem!

Ambos estavam conversando já havia algum tempo , ele aparentava entendiado em ter que ouvi-la, ele me olhava com um semblante cansado de tanto que ela reclamava das coisas que diziam,aí ela olhando pela janela lembrou que o Filme Il Nome della Rosa foi gravado naquela região próxima a Narni,disse que o filme era bom, e realmente é.Mas pesquisando no Google, diz que foi gravado em outro lugar, mas deixa pra lá.Houve uma confusão com alguns jovens por causa de não convalidar bilhetes,a moça vestia uma blusa regata, e calça tec tel até a canela,não ví nada de mais em suas vestimentas, até porque já estava chegando o verão e em Roma era mais quente, já a senhora abobinou a moça pela sua roupa e pela discussão.O moço da minha frente riu, quando eu coloquei a mão na cabeça quando ela começou a reclamação, faltavam uma hora para chegarmos em Roma e ainda teríamos que ouví-la.Chegando em Roma,a senhora resolve fechar o corredor do Trem, e o pessoal bravo com ela, e teimosa que era não saia logo.Eu com muita paciência pedi licença para ela que ficou mais brava ainda, reclamou que era culpa da bolsa pesada dela,para irritá-la peguei a mala e deixei próxima a porta liberando a passagem,e sai depressa para não levar uma bronca, os outros passageiros fizeram o mesmo.

Em Roma um calor gostoso, ainda era dia fui passear e me despedir dela aos poucos.